Comércio Asiático (vulgo: contrabando)

Todos sabem que eu sou mega sacoleiro. E eu assumo; tanto que minha única santa de devoção é Santa Ifigênia. E pra quem costuma circular nos points de preço baixo, sempre acaba sabendo de novas promoções, como uma bola de neve. Primeiro, vamos conhecer os principais locais de compras:

25 de Março: Conhecidíssimo! É pra você que deseja comprar todo tipo de mercadoria, sem nota! Lá você vai encontrar brinquedos, roupas, relógios, marca-passo, tudo para seu conforto e bem estar!

Santa Ifigênia: O ponto NERD! Tudo para seu PC! Câmeras digitais, cartuchos para impressora, memória para celular, e o melhor, tudo sem nota!

Sé: Livros e discos, tudo num preço baixíssimo! Pra você que precisa comprar livros de escola, mas não tem dinheiro. Vá à Sé. O livro pode vir sem capa, mas você não vai ler a capa, não é mesmo?

Em cada um desses lugares, você precisa de uma preparação mental e espiritual toda especial (rimei sem querer!). Certo dia eu estava na 25 de Março. Lá é uma loucura! Não tem lugar para estacionar e nem onde comer. Quando encontrei uma lanchonete boca de porco, resolvi entrar:
- Fala! – esse foi o atendimento
- Uma esfirra de frango, por favor.
- Leva só um minutinho!
Demorou um pouco, mas logo veio ela com a esfirra:
- Aqui. E você ganha um suco grátis.
- Obrigado! – disse, feliz com o suco grátis.
Abaixei a esfirra para beber o suco. Senti um puxão na minha mão, que logo aliviou. Pensei que tinha batido em algum lugar, mas quando levantei a esfirra para dar a primeira mordida, ela já estava com uma dentada, fincada bem no meio:
- Olha isso! Morderam minha esfirra! – mostrei desesperado pro meu irmão.
- Deve ter sido um cachorro! – disse despreocupado (não era a dele mesmo ¬¬)
Analisei a mordida, e não meus queridos, não era mordida de cachorro! Era de gente mesmo. Fiquei meio desesperado. A próxima mordida poderia aparecer na minha perna!
Já em Santa Ifigênia, encostei-me a um balcão de câmeras digitais e disse:
- Você tem fone de ouvido?
- Aqui é loja de câmera digital, e não de fones de ouvido. – respondeu o chinês.
- Ah ta...
Olhei bem para um relógio da Ferrari (tisc!) e percebi que tinha vários ponteiros:
- Quanto está este relógio?
- Vinte e cinco!
- E estes ponteirinhos do canto, mexem?
- Não!
- Está bem, obrigado! – sai sem comprar nada.
- Vinte e cinco no relógio, e ainda quer que mexe ponteiro! – ficou resmungando pelas minhas costas. Como se fosse pedir muito que o relógio funcionasse.
No bairro da Sé é tudo mais tranqüilo. Estava procurando um livro, da Fernanda Young:
- Você tem o livro da Fernanda Young?
- Fernanda? – perguntou a moça
- Young! Fernanda Young! – repeti com paciência. Ela mexeu no computador e me trouxe alguns livros.
- Aqui! Eu tenho Fernanda Ribeiro, Fernanda Gueda e Fernanda Montenegro. – nem sabia que a Fernanda Montenegro escrevia livros!
- Mas eu quero da Fernanda Young.
- Como se escreve isso?
- Fernanda Y-O-U-N-G. Fernanda Young.
- Ahhhhhhhh! A Fernanda Jangui – me disse da forma que se lê
- É só que se diz Fernanda Young.
- Não, não. Se diz Fernanda Jangui. Eu tenho certeza disso!
- Claro que não!
- Sim, sim!
- Mas você tem o livro dela?
- Não, não tenho. Dela acabou.
- Muito obrigado. – sai da loja.
- Aquele menino ali, estava chamando a Fernanda Jangui, de Fernanda Young.
- Ah meu Deus!
- Vê se pode! – comentou com o amigo balconista e semi-analfabeto.
Mesmo com toda a minha experiência nesses locais, ainda tenho alguns a conhecer (O Arrastão Magazine Luiza, por exemplo), mas estou procurando alguém para me acompanhar. Se vocês tiverem pedidos da 25 de Março, ou da Santa Fifi (apelido carinhoso), eu trago pra vocês, e lembrem-se sempre quando forem nesses locais, um tapete de onça na promoção, tem a mesma utilidade de um tapete de onça fora da promoção, ou seja, nenhuma.

Beijos Contrabandeados
:*