11 de outubro de 2008

Língua Ferina!.

Que eu falo demais não é novidade pra ninguém, neah? E minha vida é repleta de confrontos e mal entendidos. Ontem mesmo eu estava pensando na importância das palavras e do modo de se expressar. Geralmente falamos o que queremos e isso sempre causa problemas, pois falamos de qualquer jeito. Por exemplo, uma frase pode soar diferente para cada tipo de pessoa. Se eu dissesse, “pega um copo d’água pra mim?”, à minha mãe ela diria:
- Por acaso eu sou sua empregada? E é desse jeito que se fala? Cadê o “Por favor”? Se quiser vai pegar você mesmo! Pra fazer o que não deve está sempre disposto!
O correto para perguntar neste caso seria:
- Mamãe. A senhora, por favor, poderia pegar um copo d’água pra mim? É que hoje eu estudei muito e estou um pouco cansado!
- Sempre estudioso e responsável! Claro que pego meu filho! Com gelo ou sem gelo?
Se eu pedisse a uma feminista ela diria:
- Eu tenho cara de mucama por acaso? Não é porque os homens subverteram a imagem da mulher durante séculos que eu devo pegar água pra você! As mulheres são sempre submissas e os homens vêem isso como uma forma de tirar proveito da situação! Você não é do sexo forte? Se quiser pegue você mesmo!
A forma correta seria massageando o ego:
- Nossa! Eu não agüento nem mover meus dedos, quanto mais pegar um copo! Você poderia, por favor, pegar um copo d’água pra mim? Sozinho eu não posso...
- Homens! Sempre fracotes! Vou trazer água quente, que é pra dar dor de barriga. Mão de moça!
Existe um tipo de mulher, que devemos analisar letra por letra antes de falar sequer uma palavra na frente dela. A professora de português:
- Professora, pega esse copo de água pra mim beber?
- Se eu pegar você jura que não morde minha mão? Porque, esse dialeto só pode ser de uma tribo indígena antropofágica! Não existe pra mim, é pra eu! Pra eu! Quantas vezes eu tenho que repetir!
Neste caso, usam-se os vocábulos mais cultos de nosso dicionário:
- Representante docente? A senhora poderia, por obséquio, pegar este refratário com água para que eu possa mitigar a minha sede?
- Nossa! Que vocabulário pleno! É Machado de Assis? – Diz enquanto pega a água.
Devemos também tomar muito cuidado quando entramos em uma loja e nos dirigimos aos atendentes, eles sempre sabem quando estamos com pressa ou bravos:
- Me dê um copo d’água.
- Só a água?
- Sim
Pode parecer um diálogo normal, mas vejamos os pensamentos durante conversa:
- Me dê um copo d’água. [Tomara que ele pegue essa água logo!]
- Só a água? [Miserável, me faz perder tempo pegando um copo de água. Só por causa disso vou por sal no copo dele!]
- Sim. [Por acaso eu pedi mais alguma coisa depois da água? Significa então que eu quero só a água!]
Nós precisamos tomar cuidado com o que dizemos. A palavra tem uma força maior do que imaginamos. Claro que não devemos mudar nosso modo de pensar por conta do que os julgar, mas um pouco de suavidade e sutileza não matam ninguém. Por isso, perdão pela postagem chata!

Beijos coerentes
:*

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